quarta-feira, julho 6

E por mais uma vez, lá estava eu vendo Os Simpsons numa segunda-feira à noite. Não tinha ninguém em casa, minha mãe havia saído, todos haviam saído, em casa, só estava eu e os meus cachorros... E então, eu comecei a pensar porcaria. Eu não posso ficar muito tempo sozinha que dá nisso... É um inferno.
Mas sem pensar no que eu estava fazendo, eu peguei o telefone que estava do meu lado e disquei aquele número que eu estava evitando por semanas, até mesmo de pensar. Ninguém atendeu, logicamente. Por que ele estaria em casa a uma hora dessas? Eu e o meu pensamento idiota. Mas... O problema era que eu não queria, exatamente, falar com ele. Eu só queria que ele ouvisse o que eu tinha para dizer e eu posso garantir, que são muitas, mas muitas coisas.
Eu deixei cair na caixa postal, esperei um pouco... E comecei a falar.
― Hm, eu acho que você já sabe quem é... – eu sussurrei. – Não vou correr atrás de você, primeiro, porque não faz meu estilo e segundo, porque você realmente, não merece. – a minha voz começou a ficar normal. – Eu liguei mesmo é para agradecer você, Joseph... Olha, depois que você saiu da minha vida, realmente as coisas melhoraram e hoje eu posso dizer, que eu sou uma pessoa cem por cento mais feliz. – eu sorri. – Eu quero agradecer você pelas mentiras, pela falsidade, por cada momento de cinismo seu, eu aprendi muito com isso... Posso dizer que eu aprendi a atuar... – eu gargalhei. – Você não queria que eu me tornasse... Hm, adulta? Olhe só como eu estou hoje! – eu disse alegre. – Mas não liguei simplesmente para agradecer você... Liguei também para parabenizar você, você merece. – eu esperei. – Eu acho mesmo que você encontrou a pessoa certa e eu estou dizendo isso de coração, nunca fui a pessoa certa para você e você muito menos foi para mim. – eu olhei para a televisão. – Eu fico feliz que você tenha encontrado a felicidade, assim como eu encontrei, mas diferente de você, eu não preciso de outra pessoa me fazendo feliz sempre, eu encontrei a felicidade em mim mesma. – eu mudei meu tom de voz. – Eu não precisei usar ninguém.
Por uns segundos eu tomei consciência do que eu estava fazendo, e se eu parasse de falar agora, aí sim que eu me arrependeria pelo resto da vida.
― Não sei se você ainda sabe meu nome ou se tem tempo de lembrar... Difícil pensar em ex nessa hora... – disse mais para eu mesma. – Mas olha, cuidado, vai que quando você estiver quase me esquecendo, alguém passe do seu lado usando o meu perfume? Acontece. – eu tirei o cabelo que estavam nos meus olhos. – Não desejo infelicidade para você, muito longe disso, só quero deixar claro para você que tudo o que vai, volta... E no seu caso, Joseph, volta em dobro. Ou quem sabe, até em triplo, hein? – eu dei uma risada. – Obrigada... – eu sussurrei. – E ah, eu estou enviando para você aqueles presentes que você tinha me dado de aniversário, natal... Essas coisas. – eu parei. – E desculpa, eu acabei quebrando sem querer o seu CD dos Beatles que estava aqui em casa, mas eu estou devolvendo para você também, e até dá para ouvir se você por uma fita no CD... Sei lá, você quem sabe, você é criativo.– eu gargalhei novamente. – Boa sorte pra você.
Eu desliguei.
Depois disso eu enfiei a minha cara entre as almofadas, não acreditando que eu tinha feito uma tamanha bosta, mas agora já tinha ido... E eu soltei tudo que estava engasgado, ou quase tudo, e foi até bom... Eu me senti mais leve. Eu sim tinha o que falar, do que reclamar, o que dizer, o que não dizer... Ele não tinha simplesmente nada a reclamar. Nada. Então, se ele tentar fazer, o que eu irei fazer é mandar para ele aquele sapato preto que ele me deu de aniversário de namoro e eu acabei ficando com dó de devolver (e eu realmente não iria devolver, o sapato é lindo e eu tinha penado para conseguir ele, não iria devolver aquele sapato tão fácil assim) com uma bomba dentro da caixa.
Aí sim eu ficarei super mais leve.


(o texto não fui eu quem escrevi, porém, me identifiquei demais)

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